Observação: a intenção desta crônica é dialogar sobre a complexidade da existência humana.
O olhar do meu cachorro me fez pensar no que ele pensa. Um pensamento bem humano, eu imagino, porque os animais não devem se perguntar o que se passa em nossas cabeças. Quando um bebê chora, seus pais analisam do que precisa através do cheiro da fralda, de quanto tempo está sem comer ou se está assustado, porque ele ainda não consegue falar, assim como o cão, e ambos se expressam como podem.
Cada indivíduo tem diferentes percepções da realidade,
que atravessam a sua criação, sua língua materna, religião, sociedade e cultura
em que está inserido, traumas vividos, e você, leitor, pode adicionar outros
fatores de acordo com a sua percepção. Parte dessa visão de mundo pode estar
ligada também ao nosso instinto, que nos guia desde a antiguidade.
O convívio social nos leva a conhecer pessoas com
diferentes idades, gostos, personalidades, sexualidades, nos mostrando
diariamente a beleza da diversidade humana. Enquanto indivíduos, o confronto
com ideias opostas pode ser interessante, assustador ou até mesmo engraçado,
mas sempre estamos sujeitos à estas situações. As escolhas que fazemos na vida,
como a carreira que iremos seguir, moldam o nosso cotidiano e uma parcela dos
nossos pensamentos. Quem pode fugir por completo das mudanças que nos são
impostas pelo mundo exterior? Ninguém. O sujeito está sujeito a ser coletivo
para viver bem.
Quando nos apaixonamos por alguém que conhecemos há
menos do que um ano, entregamos nossos sentimentos para uma pessoa que não
esteve presente em grande parte da nossa vida, e também não estivemos na dela,
mas nos aventuramos a estar lá por um curto ou longo tempo na jornada daquela
alma, nos arriscando em um processo que pode levar ao sofrimento e à traumas.
Mesmo após experiências de rejeição e traição, após um descanso emocional,
nossas emoções e desejos orbitam em torno de um novo escolhido, nos
impulsionando a enfrentar o medo e tentar outra vez.